Além da Liderança - Resenha crítica - Leonardo Peracini
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Além da Liderança - resenha crítica

 Além da Liderança Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Gestão & Liderança

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 9788579845253

Editora: Clube de Autores

Resenha crítica

Os dois tipos de perfis perante a mudança

Para melhorar o que somos, precisamos destruir parte do que acreditamos. Costumamos nos proteger de questionamentos existenciais porque eles vão no âmago de nossas crenças. O medo de se reinventar é normal, visto que estamos saindo de nossa zona de conforto, o que traz incômodo e nos faz querer ficar inertes.

Perante a mudança, Peracini defende que existem dois perfis de pessoa. O primeiro deles é resistente à mudança e nunca se livra dessa zona de conforto. A verdade é que ela é nosso maior cárcere. Funciona de forma a privar as pessoas desse perfil de expandirem sua sabedoria, incapacitando-as ao crescimento e à liderança eficaz.

Por outro lado, existe aquele perfil que, de tão movido pela busca do crescimento, perde-se em mudanças. Segundo o autor, quem muda constantemente está sempre no começo da jornada. Pessoas com esse perfil acabam se tornando líderes frágeis, despreparados e que caem tão rapidamente quanto alcançam o cume.

Peracini aponta que existe um paradoxo entre esses dois perfis e que este é um problema geracional. Por um lado, uma determinada geração tem dificuldade em lidar com o mundo atual, de mudanças constantes, e acaba estagnada. Já pelo outro, a nova geração busca um crescimento rápido e acelerado, trocando de emprego constantemente em busca de melhores oportunidades de evoluir na carreira.

Nenhum dos dois perfis é capaz de resistir à mudança de maneira eficiente e, por isso, não pode ser um perfil de liderança. O líder precisa ser proativo, rápido, resoluto na resolução dos problemas e enfrentar a mudança de frente. Sua perspectiva deve ser, sempre, tirar o melhor de cada nova situação e desafio.

O narcisismo da liderança

A análise do autor tem como fundamento poemas de autoria própria, que fazem a abertura de cada novo fragmento do livro. No primeiro poema apresentado, Peracini compara o conhecimento humano a um avião, que fica fechado e confinado no aeroporto, mas, quando encontra os céus, sai voando em algum sentido.

O que ele quer dizer é que precisamos encontrar o nosso catalisador, que nos tire da inércia do avião no aeroporto e nos transforme no avião quando está voando. Nosso conceito de liderança hoje está muito atrelado a indivíduos com perfil físico e psicológico preestabelecido: saudável, agressivo, firme, com ótima oratória, dinheiro… Todos que não se encaixam nesse perfil já são, de tabela, considerados líderes inferiores.

A verdade é que não existe um perfil único que defina um bom líder. O que existem são características que costumam estar presentes em todos aqueles que são entendidos como bons líderes por seus liderados. É claro que tais características vão mudar e se desenvolver de acordo com a empresa, os colaboradores e as circunstâncias. Talvez o traço mais requerido de um líder é que ele seja apto a entender e se adaptar a mudanças constantes.

Além disso, o jogo de liderança é muito tênue e desbalanceado. Como as mudanças são inevitáveis no mercado e dado que o novo modelo de colaborador o leva a pular de empresa em empresa, muitas verdades acabam não ditas pelos que são líderes, em prol do que o autor chama de “politicamente correto”. Afinal, não é bom se impor demais ou desgastar sua imagem, já que a roda gira e que cartas de referência são muito valorizadas no mercado. Agora está ali, mas amanhã pode estar em outra empresa.

Para ele, essa é uma visão narcisista da liderança, focada exclusivamente no indivíduo líder e na autoafirmação de seu ego. O autor compara esse modelo de liderança narcisista com um jogo de loteria: enquanto um ganha, milhões perdem. Um líder positivo e capaz de impactar a empresa pensa de forma diferente, sempre focado em jogo ganha-ganha.

A busca por inspiração na liderança

A vida às vezes parece um jogo, conforme Peracini deixa claro na sua poesia. Da mesma forma, funcionam as empresas. Muitas vezes é necessário fracassar, fracassar e fracassar antes de começar a vencer. Os processos do fracasso também são catalisadores do crescimento. Um bom líder é aquele que sabe batalhar e jogar o jogo de cabeça erguida.

Resolver problemas de forma eficiente é um dos requisitos mais importantes para ser um bom líder. Mais importante que desatar os nós, porém, é entender por que e como eles foram dados. Os problemas não são só os empresariais, mas também os pessoais, e os nós não são só as situações problemáticas, mas também as amarras dos seres humanos. O liderado é a linha; o líder, o costureiro e o nó é tudo aquilo que deveria ter sido feito, mas não foi.

É necessário ser movido para ter capacidade de mover. Provocar seus funcionários para que eles, tomados pelo mesmo espírito incendiado, cresçam suas vontades e deem seu melhor. Qual é o problema dos líderes, então? Não ser ele mesmo uma pessoa incendiada. Falta inspiração para mover a empresa, o que acarreta certamente um ambiente hostil. E quando isso acontece, as pessoas acabam tropeçando no invisível.

O invisível para o autor é a inveja, o ódio, o ego exacerbado e outros sentimentos que, presentes na coletividade, são catalisadores de ruína. Os funcionários são, em si, o maior valor da empresa e somente um líder inspirado é capaz de cativá-los e movê-los, mesmo em momentos de crise e insegurança.

O foco de uma boa liderança não deve ser o dinheiro, mas sim o vértice humano. Quanto mais preparadas as pessoas, mais dinheiro produzem. Com dificuldades pessoais, deterioram não só a si mesmas, mas também a empresa. O dinheiro é apenas uma finalidade e será resultado óbvio se o ambiente de trabalho for favorável e o líder, engajado.

Um ambiente de trabalho no qual os funcionários estão felizes é mais produtivo. Para chegarmos nesse ambiente ideal, é necessário que o líder tenha como suas ferramentas principais a empatia e a percepção correta de seus funcionários e do que estão pensando ou sentindo.

Por isso, um diálogo aberto é fundamental para criar um ambiente de trabalho favorável. Isso só é possível com um líder inspirado e movido por si mesmo. Em um mercado competitivo e voraz, destacam-se aquelas empresas com líderes que fazem de seu trabalho uma obra de arte.

Antes de começar a liderar, entenda primeiro o que fizeram de você

O nosso passado volta, virando nosso presente. Às vezes, temos a impressão, segundo o poema de Peracini, de que somos simples agentes do que já vivemos. Para superar nosso pertencimento ao passado, precisamos entender como nossas experiências afetaram nossa forma atual de ver o mundo e liderar.

Partindo da premissa de que nosso perfil de liderança é moldado diretamente por nossas experiências, o autor reforça esse questionamento no decorrer do livro. Mais importante do que entender o que fizeram de nós, diz Peracini, é entender o que vamos fazer com o que fizeram de nós. Ainda que tenhamos sido moldados e sofrido interferência de diversas pessoas e situações, a responsabilidade pela nossa vida é unicamente nossa.

É impossível inspirar e libertar seus colaboradores se o líder não for livre ele mesmo. Nenhum líder consegue chefiar se não houver objetivo e nem liderar se antes não entender a si mesmo. Nos casos em que essa dinâmica não está bem construída, a empresa é tomada por julgamentos e desvios de conduta.

Depois de entender quem você é e como isso afeta sua liderança, você precisa também compreender como passar suas melhores qualidades de líder para seus liderados. A roda precisa girar e sua mão precisa ser estendida.

A análise de si mesmo é o primeiro passo para uma liderança de sucesso, mas não pode ser fomento para uma desistência. Os problemas são muitos e com certeza você encontrará alguns em seu peito ou no peito de seus funcionários. Eles não podem ser impedimento, mas precisam ser levados em consideração. As pessoas, é claro, precisam ser a prioridade. Lembre-se: “as pessoas não foram criadas para as empresas, mas sim as organizações, para elas”.

Como seres humanos, os funcionários muitas vezes são imprevisíveis - mesmo para aqueles líderes com grande experiência. Por isso, é fundamental que o líder tenha paciência e empatia para resolver os problemas e lidar com o inesperado. Além de entender a si mesmo, é preciso entender seus colaboradores.

O que faz com que eles se movam? Qual é o motivo da existência de cada um e por que eles trabalham na sua empresa? A razão pode estar no passado, mas o objetivo tem que gerar sempre uma esperança no futuro. O papel do líder não é dar sentido à vida dos liderados, mas apenas auxiliá-los para que sejam capazes de descobrir sozinhos suas vontades profundas.

Essa esperança precisa ser conjunta, com uma vontade ampla de atingir objetivos coletivos. O líder precisa servir como ponte entre o indivíduo e o propósito pessoal dele. É um guia e um mentor, mas precisa deixar o colaborador andar sozinho. Seu trabalho é orientar, comunicar e ajudar, mas nunca tomar as rédeas da mão de quem trabalha. O foco é a comunicação, que ainda é mácula na maior parte das empresas. Um bom líder é um bom comunicador.

A importância de uma liderança participativa

Os colaboradores precisam entender os porquês e os para quês dos serviços que realizam diariamente. Eles precisam enxergar valor em suas atividades e perceber a necessidade de sua presença para o fluxo produtivo empresarial. Como líder, a ideia não pode ser entregar algo modelado e padronizado para um simples trabalho administrativo. Essa é a receita para um funcionário desmotivado.

Os processos e até mesmo os padrões são importantes para mover as organizações e manter tudo minimamente em ordem. Todavia, eles precisam ser válidos e justos do ponto de vista dos colaboradores da empresa. Sem isso, a motivação não aparece. O compartilhamento de informações é a base para uma liderança participativa e eficiente.

Ao se sentirem parte da empresa, os funcionários tornam-se automaticamente mais dedicados. É realmente o caso de “vestir a camisa de dono” e agir como se os recursos da empresa fossem recursos deles. É verdade que os colaboradores são, eles mesmos, os maiores recursos da empresa. São o pilar que a sustenta e o maior apoio em tempos de crise.

Por isso, é crucial que a liderança se esforce sempre para incluí-los nas decisões e no ciclo da empresa. A atuação deve ser valorizando e premiando aqueles mais dedicados, mas também incentivando os demais para que também ajam da mesma forma.

Liderar é estar além da liderança

Ser autêntico é fundamental para ser um líder forte. Essa originalidade e força vão além da própria liderança. Esses atributos precisam começar na vida pessoal. O líder precisa ser capaz de constantemente motivar e despertar forças, mesmo naqueles que parecem não ter mais. Para isso, é necessário, em primeiro lugar, motivar a si mesmo. Essa motivação pessoal é um exercício de autodisciplina e superação para o qual não existe fórmula mais eficiente do que usar o coração.

Um líder excepcional evita a inércia e mantém a empresa funcionando em uma caminhada constante, ainda que, por vezes, gradativa. A inércia é paralisante e, com o decorrer do tempo, é o fim. Quebrá-la é uma ruptura de limites e pode causar desconforto, mas gera também transformação.

Para conseguir quebrar a inércia, é preciso viver com a insatisfação todo dia e buscar sair da zona de conforto. É acordar e dormir pensando em crescimento profissional e em como fazer a empresa dar cada vez mais certo.

Vencer a inércia é criar movimento e continuar a caminhar, mesmo quando caímos. É função do líder reanimar suas equipes nos momentos de desânimo e incentivá-las com visões positivas da mudança. Os líderes precisam escutar e, além disso, precisam aprender a provocar e a transformar.

Ser líder vai além da liderança. Ser líder é atuar como os grandes artistas. Provocar com sua arte o melhor que existe dentro das pessoas, para que elas também se tornem artistas em seus trabalhos diários.

A crise de identidade empresarial

Buscando ser nova, atualizada e ansiosa para viver novas experiências, as empresas acabam se apressando para a morte. É essa a mensagem do poema que abre essa parte do livro, comparando empresas ansiosas a plantas que só dão flor uma vez na vida e depois morrem. Inovar é importante e se atualizar também, mas a empresa não pode perder nunca seu norte, sua origem e sua identidade.

Em um mundo volátil e movido pelo consumismo desenfreado, muitas empresas estão sofrendo uma grave crise de identidade. Por conta das circunstâncias mercadológicas, perdem-se talentos e oportunidades de entregar ao mercado produtos de altíssima qualidade, capazes até de imortalizar marcas. A quantidade e a velocidade muitas vezes, no mercado atual, são mais importantes que a qualidade.

As empresas estão ficando tão especializadas e segmentadas que acabam perdendo sua unidade. Hoje é comum que sejam contratados serviços externos para atividades antes realizadas internamente, como criação de novas ideias, captação de novos funcionários ou auditoria. Seduzidas pelas opções do mercado, as empresas têm esquecido o que são, na essência.

Isso é culpa de líderes fracos, que são seduzidos e deixam seus colaboradores se seduzirem também pela cultura do que é “simples, fácil, rápido e light”. Para salvar a identidade de uma empresa, é necessário descobrir e transformar continuamente as características dos seus colaboradores. Todos devem ser uma metamorfose de talentos, misturados e colaborativos. Quanto mais se aprende em conjunto, mais a empresa prospera.

Um bom líder precisa ser um pouco profeta e um pouco professor

Os colaboradores precisam pensar em unidade e deixar de lado o individualismo e a busca por “se dar bem”, à revelia de seus colegas e do futuro da sua empresa. Para gerar esse sentimento de unidade e pertencimento, é importante entender quais são as carências de cada funcionário e o que os poderia levar a querer fazer algo lesivo aos colegas. O que falta na vida deles? Quais são suas necessidades?

Por isso, um líder ideal é um balanço entre ser profeta e ser professor:

  • Professor: sua relação com os alunos (no caso, colaboradores) é amorosa e seu maior desafio é construir pontes entre eles, ensinando-os e assessorando-os.
  • Profeta: vislumbra o futuro, tem intuições sobre os possíveis caminhos e dá o norte para os liderados. É a luz em tempos de crise e desespero.

Liderar é gerir egos. O ser humano é complexo e cheio de particularidades. Portanto, é importante que o líder se dedique a entender bem como funciona cada um de seus funcionários. Manter um diálogo aberto e uma gestão participativa é o melhor caminho para o equilíbrio e crescimento empresarial. Para isso, o líder precisa desenvolver seus próprios talentos e buscar agir ora como profeta, ora como professor.

Ele precisa ser o norte para onde os colaboradores olham quando estão perdidos. A grande voz da razão e direcionador. Uma figura pela qual os colaboradores tenham respeito, mas que, ao mesmo tempo, seja acessível. Sabe-se que uma rotina de líder é normalmente muito puxada e cheia de tribulações. Porém, um líder de sucesso sempre consegue arrumar um horário no seu dia para ouvir seus liderados, perguntar se está tudo bem e traçar juntos uma estratégia para melhorar.

Assim como a empresa não existe sem seus funcionários, um líder também não existe sem seus liderados. Saber ponderar quando ser profeta e quando ser professor é uma tarefa difícil, construída no dia a dia. A base, é claro, precisa ser a percepção macro da empresa e micro dos funcionários.

Notas Finais

No livro, Peracini apresenta dicas e orientações para aqueles que são líderes ou que, um dia, querem liderar. Tudo isso é feito de forma lúdica, poética e através de citações de muitos autores especialistas e filósofos célebres, como Nietzsche e Platão. Os poemas que inauguram os segmentos do livro sempre têm alguma relação com o que será dito naquela parte. Muitas vezes, também são derivados de algo que já foi dito anteriormente.

O que o autor nos leva a fazer é, justamente, o que ele propõe no título: pensar em uma espécie de liderança que vai além do que nós entendemos como liderança, hoje. Uma espécie que vai além de padrões preestabelecidos, de perfis ideais e de fórmulas mágicas. Um bom líder é aquele que quer ser um bom líder e trabalha para isso, diariamente.

Possuidor de um currículo pessoal com muita experiência, entende-se que Leonardo Peracini usou dessa experiência para criar um livro coeso, conectando teoria e poesia. Seus ensinamentos servem tanto para novos líderes que buscam inspiração quanto para líderes com muita experiência, que precisam se adequar a novas realidades de mercado e a uma nova geração de colaboradores.

Dica do 12': Se você gostou deste microbook, que tal ver o TED de Simon Sinek, que mostra a importância da inspiração em um líder. Você também pode ler nosso microbook sobre seu livro, “Líderes Se Servem Por Último”.

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Quem escreveu o livro?

Leonardo Peracini possui um currí­culo multifocal. É Professor, Consultor Empresarial, Escritor, Psicanalista, Logoterapeuta, Palestrante Profissional e foi durante muitos anos Administrador na Rede de Academias Companhia Athletica, Fisiologista do Exercé­cio, Educador Fí­sico, Consultor pela Bradhon, membro da AL... (Leia mais)

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